Práticas de governança, sustentabilidade e transparência devem ser dispostas em relatórios com indicadores claros do ESG
Uma métrica para entender o quão sustentável é uma empresa, o ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, que significa Ambiental, Social e Governança) é hoje mandatório para pequenas e grandes empresas. O medidor de impacto social e ambiental, quando aplicado, é um diferencial que destaca as corporações conscientes de que suas tomadas de decisões têm impacto no mundo real e dita o ritmo de investimentos e captação de recursos. Logo, resta a cada empresa se questionar a que nível se encontra dentro desses padrões.
O fato de que cada vez mais os consumidores buscam comprar de empresas sustentáveis e socialmente responsáveis fez com que os rumos do mercado tomassem uma direção diferente nos últimos anos. Isso é evidente e válido para várias áreas de atuação diferentes, que podem variar desde saúde até mesmo o mercado financeiro.
Dada a velocidade da informação dos tempos atuais, é um risco muito grande para qualquer empresa não estar inserida na sustentabilidade, uma vez que arrisca uma fatia de mercado de forma repentina por simplesmente estar desconectada dessa demanda. Esta que parte não somente dos consumidores, mas também de possíveis investidores, que já não veem com bons olhos o descolamento da gestão empresarial da agenda ESG.
Portanto, é necessário entender em qual passo sua empresa se situa dentro desse contexto. Dar a devida importância para o ESG é sinalizar que a empresa está comprometida com suas ações no que diz respeito à coletividade e que deseja causar um impacto positivo com seu trabalho para a sociedade. Essa sinalização é garantia de investimentos futuros, pois demonstra comprometimento a longo prazo não somente com os lucros.
Tais atitudes sustentáveis vêm a se somar também com boas práticas de governança e transparência. Essas atitudes dizem respeito mais à estrutura interna da empresa e que, na maioria das vezes, ficam escondidas do grande público. Trazer à tona esse cenário, formado pelos conselhos que compõem a empresa, a diversidade presente nessas cadeiras, políticas internas de ética, além das políticas de remuneração, são maneiras de trazer mais credibilidade sobre o funcionamento estrutural da empresa e a aproxima dos consumidores e investidores. Somam-se a isso a utilização correta dos dados dos clientes, conforme a lei vigente na forma da LGPD, por exemplo, além de prestação de contas transparente.
A maneira de saber hoje a qual nível uma empresa se encontra na agenda ESG depende ainda da iniciativa própria de cada uma delas. De um modo geral, as empresas precisam encontrar maneiras de articular relatórios que exponham, em linhas gerais, seus indicadores ambientais, sociais e de governança. Por ora, no Brasil, a não emissão de relatórios ainda é uma prática comum, mesmo entre grandes negócios. A falta de certas informações prejudica a própria empresa, que pode ver negados para si investimentos e acessos ao mercado de capitais.
Muitas empresas ainda incorporam as práticas vistas em outros países, geralmente por conta de se tratarem de filiais de corporações estrangeiras ou simplesmente por espelharem as práticas já consolidadas nos mercados do primeiro mundo. De fato, é na Europa onde estão concentrados os maiores esforços e as regulamentações mais avançadas que dizem respeito a agenda ESG, como a EU Green Taxonomy, a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), da União Europeia, e a EU Sustainable Finance Disclosure Regulation.
No entanto, em um mercado globalizado, mesmo as empresas que apenas fazem comércio com o exterior terão também de se adequar à agenda ESG.
Em um segundo momento, levando em conta uma empresa que já tenha dado seus primeiros passos rumo a essa adequação na agenda ESG, cabe a ela um alinhamento aos padrões internacionais de indicadores. Desta maneira, incorpora-se aos relatórios em uma linguagem mais acessível e padronizada, contribuindo na transparência. Trazer indicadores claros de quais são as políticas aplicadas dentro da empresa e como se dá o uso das ferramentas de gestão de sustentabilidade e seus resultados são alguns dos itens que devem estar presentes nos relatórios.
Em um estágio mais avançado, a empresa deve mostrar como os indicadores ESG interagem com os resultados financeiros. Aqui entram os números que impactam de fato o mercado investidor. No entanto, a empresa deve fazer um esforço sincero em priorizar as problemáticas sociais ao lucro. Essa é a meta da agenda ESG: entender que os problemas da sociedade também são problemas dela e fazer sua parte para mitigá-los.
Perceber em qual estágio da prestação de contas sua empresa está frente a agenda ESG é um fator determinante para planejar os próximos passos. No mais, fará perceber quais os reais impactos e a qual nível se encontram as preocupações com os problemas reais que o mundo enfrenta agora. Aquecimento global, mau uso dos recursos naturais e desigualdades no mercado de trabalho, devido a gênero e cor, são problemas que perpassam o mundo corporativo.
Portanto, incorporar nos processos e no DNA da empresa o compromisso com questões ambientais, sociais e de governança fará bem não apenas para o cofre, mas também para a sociedade e o meio ambiente. É entender que não se trata de algo passageiro ou apenas uma tendência, mas algo que é real e necessariamente aplicável para todo o organismo empresarial.
Greentechs, fintechs e startups possuem a vantagem de já nascerem em meio ao caldeirão da ESG, saindo na frente nessa corrida. Isso não significa que qualquer empresa não possa mudar sua cultura e passar a cuidar mais dos colaboradores, proporcionar um ambiente mais diverso – étnica, culturalmente e nas questões de gênero – e sustentar os pilares da sustentabilidade. Isso pode ser feito através do reúso de água e papel, por exemplo, e em ações de energia limpa acessíveis, através de financiamento para energia solar, incorporando ainda mais valor para sua marca.
Fonte: Jornal Contábil