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Excesso de softwares no trabalho provoca esgotamento

Rogerio
Atualizado em

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Os softwares profissionais se tornaram parte importante da rotina de trabalho, ainda mais depois da pandemia. O problema é que o excesso deles consome tempo e prejudica a eficiência e o engajamento dos funcionários.

De acordo com a Okta, empresa de software em nuvem, as companhias implantaram 89 aplicativos diferentes em média no ano passado, contra 58 em 2015. Com todo esse volume, um estudo recente conduzido pela Soroco, organização que usa aprendizado de máquina para mapear como o trabalho é feito, e que foi realizado com 20 equipes em três grandes empregadores, descobriu que os trabalhadores alternavam entre diferentes ferramentas e sites 1.200 vezes por dia.

Isso significa passar pouco menos de quatro horas por semana ou cerca de cinco semanas por ano pressionando a tecla Alt-Tab, movimento que os responsáveis pelo estudo apelidaram de “imposto de alternância”. Porém, segundo a Bloomberg, ele é mais conhecido entre os psicólogos como mudança de contexto, um hábito que dificulta o foco e, com o tempo, gera estresse.

“Basicamente, a forma como trabalhamos é em si uma distração”, analisou Rohan Narayana Murty, fundador e diretor de tecnologia da Soroco. “Durante todo o dia, apenas alternamos repetidamente entre aplicativos diferentes.”

Outra pesquisa, essa realizada pela WalkMe, fornecedora de software empresarial, constatou que cerca de 30% dos aplicativos adotados pelas companhias são duplicados ou não agregam valor, e que a frustração, a sobrecarga e o esgotamento pelo uso deles levou 76 funcionários em média a deixarem seus empregos no ano passado, nos Estados Unidos.

“As pessoas só têm um certo nível de tolerância e depois fazem o check-out”, afirmou Bob Ellis, chefe global de talentos e práticas organizacionais da Infosys Consulting.

Crescimento dos aplicativos Saas

A Bloomberg aponta que a mudança de trabalho provocada pela covid-19 não é a única explicação para essa sobrecarga de aplicativos. Isso porque, nos anos anteriores à pandemia, as empresas estavam migrando de software de mainframe antigos para apps baseados em nuvem mais baratos, os chamados SaaS.

Eles são fáceis de construir, comprar e distribuir, o que levou ao que a consultoria Creative Strategies chama de “mistura e combinação de fluxos de trabalho”. Na prática, é o seguinte: o funcionário pode fazer videochamadas pelo Zoom enquanto conversam no Slack e compartilham documentos usando o Microsoft Teams.

Tori Paulman, analista-diretora sênior do grupo de Tecnologia de Experiência do Funcionário da Gartner, avalia e recomenda softwares para o local de trabalho para clientes que tornarão suas rotinas mais fáceis, o que é conhecido no negócio de consultoria como “estratégias de TI centradas no ser humano.

Mas, como aponta a Bloomberg, sua avaliação direta é que os humanos mal estão na periferia no momento, quanto mais no centro. “A tecnologia passou de grande facilitadora para grande inibidora”, destacou ela, acrescentando que há locais em que os funcionários precisam passar por cinco softwares diferentes apenas para começar o dia.

Mais ferramentas para diminuir o problema

Diante deste cenário, para amenizar o problema, muitas organizações acabam implementando mais ferramentas. Fornecedores de software de gerenciamento de projetos, como Asana, Atlassian e Monday.com prometem aos clientes que usar suas plataformas pode aumentar a eficiência e reduzir a confusão de apps.

Uma das companhias que adotou esse tipo de recurso foi a Seismic Softwares. Ela abandonou alguns programas recentemente para consolidar seus fluxos de trabalho com a Monday, e afirmou que a mudança está economizando tempo e dinheiro.

Porém, a empresa ainda está usando aplicativos separados para acompanhar suas metas de negócios e outro para fazer pesquisas com funcionários. “Ainda há um pouco de sobreposição em nossos sistemas”, disse Linda Ho, diretora de pessoal da Seismic.

Mais uma organização que tem buscado reduzir o número de sistemas que utiliza é a Freshworks. Seu diretor de informações, Prasad Ramakrishnan, contou à Bloomberg que já teve períodos em que os colaboradores usavam mais de 800 aplicativos. Esse número caiu para pouco mais de 200, e o objetivo é chegar a 150.

Ao mesmo tempo em que isso acontece, também tem muita empresa trabalhando para criar novos recursos profissionais. Caso da Microsoft, que lançou o Viva, plataforma focada no funcionário que lida com pesquisas de equipe, aprendizado e rastreamento de metas.

Além disso, algumas startups estão tentando substituir o Chrome do Google e outros navegadores da Web suportados por anúncios. Uma delas, a Sidekick, está testando um navegador voltado para negócios que permite que os funcionários se movam rapidamente entre aplicativos e encontrem facilmente qualquer documento ou site.

“O Chrome nunca evoluirá para algo feito para o trabalho – é por isso que você tem milhares de guias abertas o dia todo”, avaliou Dmitry Pushkarev, o CEO cofundador do negócio. “Nossa ideia era construir um ambiente de trabalho muito melhor que não fosse baseado em fadiga.”

Fonte: Época Negócios

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