Lucro de empresas com ações na B3 cai 39,5%.

Rogerio
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O lucro das empresas não financeiras de capital aberto recuou 39,5% no terceiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2021, apontou um levantamento realizado pelo TradeMap. Em números absolutos, o volume registrado passou e R$ 54,1 bilhões para R$ 32,7 bilhões. A análise considera valores no padrão contábil, sem ajustes extraordinários ou correção pela inflação.

O movimento, segundo o analista CNPI do TradeMap Sergio Castro, é explicado principalmente pelo maior custo de produção e nível elevado de dívida dessas companhias.

“A maior inflação do período acumulado em 12 meses fez com que o custo de produção crescesse em maior ritmo que as receitas, mesmo com deflação no terceiro trimestre”, explicou o analista, destacando que os números indicam que o repasse da inflação para os preços dos produtos pode não ter sido suficiente para cobrir o maior custo com matérias-primas.

De acordo com o levantamento, enquanto a receita operacional líquida das empresas avaliadas subiu 16,5% na comparação anual do terceiro trimestre, para R$ 847,5 bilhões, o custo de produtos vendidos (CPV) subiu 21,67% na mesma relação.

Já o resultado financeiro dessas empresas, por sua vez, ficou negativo em R$ 41,1 bilhões entre julho e setembro deste ano. A perda foi 18,4% maior do que a registrada em igual intervalo de 2021, que também foi negativo, em R$ 34,7 bilhões.

Castro reforça, que a maior alavancagem das empresas – que precisaram captar mais dívidas e queimar parte do caixa para conseguir fazer novos investimentos e até mesmo pagar ou postergar as dívidas já existentes – também é um ponto de atenção.

“O maior volume de dívida somado à elevada taxa de juros, de 13,75%, se reflete no aumento das despesas financeiras da empresa, que, por sua vez, corrói os lucros”, afirma.

Ainda segundo o estudo, a dívida líquida dessas companhias aumentou 44,5% na mesma base de comparação e o caixa registrou uma queda de 4,1%. A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) anualizado no terceiro trimestre, por sua vez, foi de 13,21%, uma redução de 5,08 pontos percentuais (p.p.) no comparativo com o mesmo período de 2021.

Abertura por setores

O levantamento também avaliou as empresas por setores, considerando um total de 39 segmentos não financeiros. Entre os destaques, o melhor desempenho ficou com o setor de Energia elétrica, que engloba 36 empresas e totalizou um lucro de R$ 9,68 bilhões.

Já na ponta contrária, o pior desempenho ficou com o setor de Transportes, com 18 companhias e um prejuízo acumulado de R$ 1,16 bilhão no terceiro trimestre deste ano. Mesmo negativo, no entanto, o resultado ainda veio melhor do que o registrado em 2021, quando o segmento marcou um prejuízo de R$ 4,09 bilhões.

O levantamento considerou 335 companhias listadas na B3 e com demonstrações financeiras apresentadas no terceiro trimestre de 2021 e de 2022.

O TradeMap afirma, no entanto que o levantamento não considerou os resultados da Petrobras, Vale, Suzano e Braskem , uma vez que essas empresas registraram lucros historicamente elevados no período e poderiam trazer distorções para a análise geral. Quando consideradas essas empresas, o lucro acumulado das companhias não financeiras listadas em Bolsa chegou a mais de R$ 106,4 bilhões. Número 1,4% menor do que o observado em igual intervalo de 2021.

Já quando consideradas todas as empresas listadas na B3, o lucro acumulado no período foi de R$ 137,1 bilhões, alta de 2,3% em relação ao ano passado. Somente os bancos, tiveram lucro de R$ 28,1 bilhões no terceiro trimestre de 2022, um aumento de 15,5% na mesma base de comparação.

Fonte: G1

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